terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Você está grávido: Que nasçam asas, vôos.


Eu sempre quis encontrar alguém que me mostrasse algo nunca visto por mim. Mas eu parecia ter consumido toda minha vida com os olhos abertos.

Quando você surgiu, o susto: eu não havia lido nenhum livro, visto nenhuma paisagem, contemplado nenhuma tela, sequer admirado algum rosto, absorvido nenhum olhar. Eu começava ali: existi até então para ser dali em diante.

A criação do mundo começa com você, todo sol nasce de você; os pastos, as ruas – tudo leva a você.

Vejo você diariamente e é como se eu abrisse os olhos pela primeira vez.


Você é a medita certa: precisa como a certeza de um amor incondicional.


Sei o que devo dizer, e digo sempre: porque este sentimento não se estirpa, não desbota, é conciso, sem gírias.

Diz-se por aí que morremos todos os dias: aquele papo heráclito batido de que nada é permanente, exceto a mudança.

Tão óbvio então que também nascemos todos os dias. E se nada é certo, permaneça o ânimo – sobretudo diante das cinzas quase fênix novamente.

Você está grávido: Que nasçam asas, vôos.
Para bens da alma, para bens do corpo, para bens da mente, para bens dos atos, nasçam as asas, os vôos.

"...pelas noites e os dias
passageiros e eternos."*

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